quarta-feira, 13 de abril de 2011

A exceção virou regra!

Isso é o que aconteceu com o nascimento! O que antes era emergência, necessidade, agora virou rotina, procedimento padrão. Antes, as mulheres tinham seus filhos no aconchego de seus lares, apoidas por outras mulheres preocupadas em fazer com que o ambiente fosse o mais tranquilo e sereno possível favorecendo a fisiologia natural. A mulher era dona do próprio parto, do próprio corpo. Hoje, o nascimento é exclusividade dos hospitais, e quem ousa ferir essa verdade é irresponsável, negligente. As intervenções, que um dia foram uma ferramenta de apoio, hoje são realizadas sem que ao menos a parturiente seja informada sobre seus significados. A cesária, que já foi uma forma de lidar com complicações do parto, é campeã da atual forma de nascer. As posições verticais assumidas instintivamente durante o trabalho de parto e período expulsivo foram banidas do processo de nascimento, sendo substituídas pela ilógica, incoerente e desconfortável posição horizontal. Pior é saber que todas estas transformações ocorreram por comodismo e conveniência da equipe médica, e não por livre escolha da mulher. Quiçá ocorreram por descobertas científicas. Onde foi parar a liberdade de escolha? A autonomia da mulher, assim como de seu companheiro, foi rasgada, triturada, descartada. A mulher é vista como um mero objeto, um corpo incapaz de compreender a própria fisiologia, como se não houvesse conexão entre corpo, mente e espírito. Aliás, um dos grandes problemas da medicina é esquecer da mente e do espírito, negligenciando o ser humano na sua composição essencial. Nós somos um emaranhado de relações, conexões, teias. Tudo tem um significado holístico. Isso é energia. Isso é vida. Isso é essência. Mas então porquê tudo isso foi perdido? Quem são os responsáveis? Todos! A mudança não ocorreu de uma hora para a outra, ela ocorreu aos poucos, encontrando brechas nas fragilidades humanas. Fragilidade estas que agora são uma grande ferida na sociedade. Mas e agora? O que podemos fazer para mudar este cenário? Informação. Curiosidade. Autoconhecimento. A informação fica por conta daqueles que já foram atingidos pela flecha da realidade. A curiosidade é responsabilidade daqueles que estão descobrindo o mundo e suas possibilidades. Autoconhecimento é íntimo, pessoal, e está relacionado com o interesse sobre si mesmo. E mais uma vez temos uma teia interconecta. Uma coisa puxa a outra. Uma depende da outra. Cabe a nós, humildes aprendizes recém despertados para esta realidade, divulgar as possibilidades de um nascimento natural, seus benefícios, a capacidade feminina, seu instinto, o apoio masculino, sua sensibilidade. Assim, com consciência, quem sabe um dia voltemos a ter um nascimento verdadeiramente saudável, onde a natureza é a regra!

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