quarta-feira, 17 de abril de 2013

Compartilhando: "O Nascimento da Casa Mãe"


por Nitiananda Fuganti
E nasceu a Casa Mãe! Gestação turbulenta, trabalho de parto rápido, parto natural, amamentação estabelecida na 1ª hora! Um ambiente repleto de ocitocina; Pai e Mãe felizes e satisfeitos!
Seria exatamente assim se fossemos comparar o trajeto da Casa Mãe até o momento com o processo de parto.
A idéia começou muito antes de pensarmos na possibilidade real de montarmos um espaço de apoio a gestantes e Mães. Primeiro foi só aquela viagem ao mundo dos sonhos, com o local ideal, com os parceiros perfeitos, com um trabalho tranqüilo e gratificante. Tudo devidamente encaixado na nossa vida de Pai e Mãe. Ilusão, talvez.
Eis que um dia alguém muito especial em nosso caminho de mater/paternagem nos impulsionou e disse “Ué, mas se é uma vontade do coração fazer algo assim, então façam! Comecem!” Puxa vida! Simples assim? “Não, não é simples, mas se for sério vai valer a pena”.
Então fomos, eu e Raul na grande saga de falar com todos aqueles que poderiam nos apoiar, trabalhar conosco para a construção de um espaço de atenção e acolhimento a gestantes e Mães. Muitos nos apoiaram em palavras e ações, e muitos também apenas gostaram da idéia, nos apoiariam desde que não precisassem agir ativamente na construção desse sonho que seria de todos. Um sonho compartilhado, que era cultivado no coração de muitos e que nós demos a cara a tapa para realizar.
Começamos a busca por um lugar bacana, pensamos numa logo, pensamos nas atividades, pensamos, pensamos, corremos e nos desdobramos para fazer acontecer.
Decidimos transformar o sonho em algo mais abrangente, que pudesse servir de incentivo e apoio ao desenvolvimento familiar como um todo, não só na gestação e maternagem, mas também nas questões relacionadas à sustentabilidade familiar, ecopedagogia, cultura da infância. Em outras palavras queríamos abraçar o mundo para transformá-lo, achando que isso era possível apenas com a nossa tremenda boa vontade e dedicação. Era a Casa Vivà.
Começamos a funcionar e de repente nos demos conta de tinha muita coisa errada. Trabalhávamos demais, nós e alguns poucos que foram fundamentais em nossa trajetória, e não nos sentíamos reconhecidos, gratificados. Sentíamos-nos exaustos, estafados, isso sim! A coisa não era simples, nem um pouco.
A constatação exata desses erros foi quando a Beatriz ficou doente, doente de verdade, com pneumonia, indicando nada mais nada menos que estava triste, muito triste, sentindo-se sozinha, desamparada. Absurdo! Afinal, nos propomos a auxiliar a manutenção da saúde física e emocional de tantas Mães, bebês, famílias, como pudemos deixar que a doença acometesse a nossa família desse jeito?!
Paramos. E assim ficamos parados. Por alguns meses. Meses de entrega à nossa filha que tanto precisava de nós. Esquecemos internet, deixamos a casa de lado, evitamos chateações. Nosso foco era ela. Foi um período bastante difícil, intenso, cansativo, mas pudemos nos conectar novamente com aquela que foi a grande chave para nossa transformação enquanto seres humanos, nossa filha!
Nesse tempo descobrimos que estávamos a espera de nosso segundo Anjo de Luz. Aí entendemos que o sinal da Beatriz, a expressão de sua doença, não foi só por ela, foi por seu irmão que ela, muito antes de nós, já sabia que estava a caminho. Um serzinho tão pequeno se doando física, emocional e espiritualmente ao conserto de sua família. É muita bondade, é perfeita demais!
Vivemos então em nosso mundo de quatro pessoas vagando pelo desconhecido. Buscando respostas dentro de si, procurando alternativas, experimentando todos os sabores da vida: doces, amargos, azedos e delicados. E fomos reformulando nosso sonho, dando sentido à ele, permitindo que todas as sensações nos viessem ao coração. E vieram muitas, inclusive a de que era pra deixar tudo de lado. Mas passamos por isso porque precisávamos antes de mais nada entender exatamente o que queríamos. E entendemos. Queríamos oferecer informação, acolhimento, atenção e apoio a gestante e mães para que o exercício da maternagem pudesse ocorrer de forma feliz, saudável e prazerosa, cheia de presença crítica, ativa e consciente!
Uau! É isso mesmo! É isso que queremos!
E foi aí que a Casa Mãe entrou em trabalho de parto.
Depois dessa gestação conturbadíssima, cheia de percalços, o trabalho de parto começou suave. Obviamente as ondas de energia vinham e iam embora, a sensação de dor era intensa, mas muito suportável. Respirávamos e deixávamos fluir. Algo ia embora para deixar algo novo nascer. Foi possível dormir e relaxar em vários momentos. Quando a fase de transição realmente começou, houve de fato uma exteriorização tremenda, uma força arrebatadora, tremores, até que foi possível perceber que estava mesmo nascendo. Nascendo em nossos corações o sentido que tanto buscávamos. O período expulsivo foi rápido, rápido mesmo, tão rápido que foi até inesperado. Quando vimos, já tinha nascido! Em casa! De parto natural, desta vez sem intervenção, banhada de amor e respeito.
Acolhemos, colocamos no peito e agora amamentamos a Casa Mãe com amor, calor e entusiasmo para transformar o mundo através do respeito à mulher, ao parto e ao nascimento, ao bebê e a criança. Agora contamos com pessoas que nos incentivam e nos ajudam a compreender o nosso caminho para desta vez fazer tudo dar certo. Não vamos repetir os mesmos erros, vamos usá-los como um rico aprendizado. Colocamos os pés no chão, vestimos as roupas de guerra, e vambora usar as armas de paz para lutar pelo que acreditamos.
Assim, com tudo nos eixos, doamos nosso leite para todos que necessitam de nutrição e acalento, para todos que buscam um colo seguro e confortável para se firmar, para todos que quiserem fazer a diferença na arte de maternar. Para todos que quiserem, em nossa companhia, construir um mundo melhor!
Porque leite de Mãe nunca é insuficiente!
Nascer Sorrindo
Fonte: Google Images

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