sexta-feira, 9 de março de 2012

Privacidade e relaxamento

Imagem:  Amanda Greavette

É preciso relaxar. O parto ou na vida cotidiana precisamos relaxar. Precisamos nos fechar para os barulhos do mundo para ouvir apenas os ruídos de nós mesmo. Quando estamos relaxados, com a respiração em equilíbrio, conseguimos executar todas as atividades com mais atenção, qualidade, e amor pelo que produzimos. Nossa aura se expande e conseguimos atingir novos patamares de consciência e entrega. No parto não é diferente. 

O relaxamento no parto está intimamente relacionado com o sucesso na progressão (ou não) do trabalho de parto e com a qualidade do parto. O relaxamento permite a entrega, e a entrega, por sua vez, é fundamental para que o desenrolar do parto aconteça. Caso contrário, o TP fica atravancado, o parto difícil e muito mais demorado. 
Infelizmente, nas maternidades o que menos se encontra é relaxamento. O que acontece de fato é um turbilhão de procedimento que nada nem a ver com o processo fisiológico do parto. Um lugar feito para parir que não atende as necessidades básicas de uma mulher em parto. Pura contradição. Em casa, o relaxamento é requisito básico para um bom parto, pois é preciso estar confiante, acreditar, e se entregar ao parto, caso contrário, a maternidade é o próximo ponto de parada. 
Para que a mulher consiga se entregar e relaxar, é preciso tomar algumas medidas, simples, mas cruciais. A primeira delas é a privacidade, e nela que vou focar. Talvez seja a mais importante. 
A primeira consideração a fazer é que o parto acontece principalmente no campo psicológico e emocional, que no corpo físico propriamente dito. Antes de relaxar o corpo é preciso primeiro relaxar as emoções. 
Em tempos de grandes agitações, é difícil desacelerar para entrar em contato consigo mesma, mas é importante conectar-se. Quando nos preparamos para o parto e seus desdobramentos possíveis, começamos a relaxar a parte do nosso cérebro responsável pelas tensões. Damo-nos o direito de tentar, de buscar, de conhecer. Abrimo-nos para um novo mundo, cheio de graças e mistérios. Quando aprendemos como usar a respiração para meditar e, em meditação, relaxar corpo e mente, conseguimos nos aprofundar em nós mesmos e então, mantemo-nos distância de tudo aquilo que nos traz à tona a civilização. Em geral, somente conseguimos relaxar o corpo depois da mente estar em êxtase, seja de prazer, seja de vazio. No parto, as sensações nos levam a um mundo de extremos, emoções conflitantes que nos fazem reconhecer e conhecer a nós mesmos. Quando mente e emoções estão relaxados, aí sim o corpo se permite relaxar. Relaxa a tal ponto que se entrega ao que sente. Se entrega ao momento, se entrega a dor, se entrega ao novo e desconhecido. Mas, para que tudo isso aconteça é preciso privacidade e silêncio. É preciso que a mulher se sinta cuidada, mas jamais observada. Só assim a cascata hormonal será liberada satisfatoriamente. A mulher precisa sentir-se em aconchego para que possa liberar seu instinto. Precisa de silêncio para que a voz da sua alma seja ouvida.
Assim, relaxada e conectada, a mulher é capaz de parir. É capaz de parar o mundo e celebrar seu sagrado feminino. É capaz de sentir seu corpo de abrindo e conhecer o milagre da vida.

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